Muito é falado a respeito de são jorge, mas na verdade existem poucas informações concisas a respeito de sua relação com o paganismo e como isso influencia diretamente o neopaganismo como um todo. O objetivo aqui e discorrer sobre a visão cristã deste santo e como isso se reflete em nossas praticas mágicas baseado na sua real face cristã, livre de opiniões sem embasamento na sua verdadeira origem judaico-cristã.

É interessante observar que a história de são Jorge se baseia no Decreto Gelasiano do séc IV o qual faz parte dos livros deuterocanônicos (chamados de "apócrifos" pelos protestantes e, por este motivo, excluídos de suas Bíblias, mas que ainda assim fazem parte da liturgia católica) onde é apenas citado. São Jorge faz parte do grupo de santos sobre os quais a igreja católica não reconhece nenhuma existência histórica sendo caracterizados apenas por suas lendas, assim sendo seu nome não consta na lista oficial de santos católicos apesar de a igreja ainda admitir e aceitar o seu culto. (NABETO-2003, ROST-1980).

De acordo com a Paróquia Oficial de São Jorge Mártir, localizada na diocese de Santos-SP, Jorge é um Guerreiro originário da Capadócia e foi militar do Império Romano ao tempo do imperador Diocleciano, Jorge converteu-se ao cristianismo e não agüentou assistir calado às perseguições ordenadas pelo imperador. Foi morto na Palestina no dia 23 de abril de 303. Ele teria sido vítima da perseguição de Diocleciano, sendo torturado e decapitado em Nicomédia.

Ainda de acordo com a Paróquia Oficial de São Jorge Mártir, a imagem conhecida de todos, do cavaleiro que luta contra o dragão, está relacionada às lendas criadas a partir da Idade Média. A versão mais corrente diz que um dragão saía das profundezas de um lago e atirava fogo contra uma cidade do Oriente. Para não destruir toda a cidade, o dragão exigia regularmente que lhe entregassem jovens mulheres para serem devoradas sendo que um dia coube à filha do Rei ser oferecida e neste momento aparece São Jorge que vence a disputa matando o dragão. O misterioso cavaleiro assegurou ao povo que tinha vindo em nome de cristo para vencer o dragão, sendo que para isso eles deviam converter-se e ser batizados. Para alguns, o dragão simbolizaria as antigas culturas pagãs que ali existiam. Já a donzela que o santo defendeu, representaria a província da qual ele eliminou o paganismo.

Nesta representação é óbvio o simbolismo pagão, sendo que o Dragão sempre é associado às antigas religiões pré cristãs como representantes da terra. O lago também é outro símbolo pagão, sendo normalmente a morada dos Deuses e o portal por onde os mortais poderiam transitar por entre os mundos. A própria exigência do santo de que os habitantes daquele local aderissem a fé cristã já representa a morte do dragão, que deixaria de existir pelo fato de ali já não haver mais paganismo. O ponto em questão é que São Jorge é reconhecidamente um santo responsável por eliminar o paganismo da face da terra, sendo que por causa disso lhe são atribuídos força e coragem com a finalidade de torná-lo forte diante dos fiéis cristãos.

“Arauto dos bens eternos,
Combatente do paganismo e da idolatria,
Vencedor do dragão infernal,
Terror dos espíritos impuros

(Trecho retirado da ladainha de São Jorge utilizada nos templos católicos)

A exemplo do trecho acima, a egrégora de são Jorge é clara em relação ao paganismo: Ele não aceita, é um santo criado para combater o paganismo e a idolatria, sua energia é incompatível com os elementos pagãos, pois ele foi feito para justamente destruí-los, não esquecendo de que nos dias atuais a igreja católica considera qualquer forma de paganismo como pertencente ao reino do diabo.

O que aconteceu com a Umbanda foi um sincretismo entre são jorge e Ogum, necessário para que os antigos escravos vindos da áfrica pudessem cultuar livremente suas divindades sem serem importunados pelos católicos senhores de engenho. Assim sendo, na maioria dos casos, ao se perguntar a algum umbandista qual é o seu tipo de religião a resposta será unânime: Cristã. O candomblé que mantém as raízes pagãs e normalmente não faz nenhum sincretismo entre a Divindade e o santo, sendo que inclusive os seus Deuses são representados com a pele negra, mantendo o seu vínculo original com as religiões africanas de origem.

Dessa maneira ocorre um choque de egrégoras muito grande quando se resolve cultuar a energia desse santo associada a alguma divindade pagã. O resultado disso varia em cada caso mas em regras gerais as Divindades Pagãs não devem ficar tão satisfeitas ao verem seus dedicandos cultuando um santo que deseja a destruição de tudo o que eles representam. Sincretismos costumam ser perigosos principalmente quando são feitos de maneira inexperiente e sem conhecimento exato do que está sendo misturado.

As Divindades pagãs representam normalmente os aspectos da natureza e da vida humana então estão sempre próximos de nós. Enquanto houver um animal vivo no mundo, a energia de Cernunnos sempre irá se manifestar em suas cercanias. Enquanto houver amor e beleza, Afrodite sempre estará por perto. De acordo com os Celtas, cada rio que corre possui em seu interior uma Divindade. Nos períodos pré-cristãos os rios possuíam santuários dedicados à Deusa residente, santuários estes que foram destruídos em nome do cristianismo, a mesma religião que criou são jorge para matar o Dragão.

Mas ainda estamos vivos.

Aeryus Cernowain

REFERÊNCIAS:

NABETO, Carlos Martins. Apostolado Veritatis Splendor: DECRETO GELASIANO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/3655. Desde 17/04/2003

ROST, Leonard. Introdução aos Livros Apócrifos e Pseudo-Epígrafos do Antigo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1980.

Paróquia de São Jorge Mártir – Santos/SP http://www.saojorgemartir.com.br/sao_jorge/hist_sj.php

Diferenças ente Umbanda, Candomblé e Quimbanda - http://estudoreligioso.wordpress.com/2008/10/31/diferenas-entre-umbanda-candombl-e-quimbanda/


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